quarta-feira, 25 de abril de 2007

P'ra lá das Montanhas...

P’ra lá das Montanhas, esconde-se o Sol.
Essa Estrela que nunca vimos antes,
E que sempre desejámos.
O Anoitecer pede mais Vida,
Mas e o Medo?
O medo que sobressai na escuridão
O medo de perdermos as nossas essências.
Palavras não nos faltam para descrever a amargura e a Vontade de Viver,
Mas há muito que as palavras foram proibidas,
Não as querem nos Livros da nossa História.
Que infames são as trevas deste nosso mundo,
Sem Palavras, nem Sol, nem… Liberdade.
Mas que é isto de Liberdade
Para Homens que nunca viram o sol e vivem com medo da sombra,
Que palavra é esta que não é censurada nem tirada dos Livros.
A União dos Mortais quer Viver,
As sombras morreram para sempre e a Voz fez-se ouvir.
As Pombas brancas voam de novo,
E os Cravos colhidos á beira-rio
Foram os eleitos para a Revolução.
A Bravura dos Soldados dá um novo alento ao País.
De novo, com muita Luta
Respira-se ar puro, que durante anos estava p’ra lá das Montanhas.
Respira-se Liberdade, Respira-se Vida.
E quando as Trevas e a Solidão voltarem,
Cá estaremos para Lutar como os bravos Soldados,
Cá estaremos para Lutar pela Liberdade.

Grândola, Vila Morena

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra de uma azinheira
Que já não sabia a idade

Letra da música de: José Afonso

terça-feira, 24 de abril de 2007

E Depois do Adeus

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder.
Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci.
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor
Que aprendi.
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.

Letra da Música de: Paulo de Carvalho

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.


António Gedeão

sábado, 21 de abril de 2007

Mais uma semente deitada na Terra,
Mais uma lágrima no escuro da solidão.
Se existe Paz, porque permanecemos em Guerra.
Somos bichos inundos na escuridão.
Porque brilha o Sol, porque brilha a Lua
Se a Terra encobre o brilho,
E apaga as cores da imaginação.
Porque é que Deus é perfeito e o Homem não o é,
Inventaram-se as balas e o sangue escorrido
Soldados feridos, nações erguidas nos escombros.
Se o é, se o não é.
Espécie protegida que não vê, que não come
Mas que ilumina.
Se não é um Deus.
Não é um Homem.
Então porque desejamos a Vida,
Se o Viver é apenas um verbo e um jogo de mistério e faz de conta,
Se o Viver não escolhe Corpo nem Força,
Viver é apenas um Verbo que vêm no dicionário da Alma.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Renascer... na Alma

Renasço da beata de um cigarro
O Limiar é fraco, é imprudente,
O Céu deslumbra-se no teu olhar
Enquanto que o Mar beija a Lua.
As tuas lágrimas caem na Esperança do Amor,
Na Esperança de te tornares uma alma feliz.
Nas entranhas do meu Ser
Procuro o desejo que sinto por ti,
Nas profundezas do teu sorriso
Alguém te procura, alguém te quer salvar.
Todos os dias passam,
Todos os dias, a Alegria e o Amor te batem á porta
Mas nem sempre estão fascinados pelos sentimentos
Nem sempre pensam na tua tristeza,
Mas no Amor…
Nos desejos profundos,
Nas palavras ditas por Ti.
Nos teus Sonhos, Onde te procuras.
Onde está a Vida?
Onde está o Amor?
Talvez na tua Alma.
Talvez no teu Coração.

Onde o Rio passa

Onde fica a Lua?
Uma cena de filme tirada dos contos antigos.
Oiço lá ao fundo a tua voz.
Pegas numa flor que colhi junto ao Rio
Ficas a olhar para essa flor com um sorriso memorável.
Deixa-me escutar o som dos Pássaros
E o nascer da Primavera.
Lá fora, no outro lado que é o Fim,
Por onde procuram os Corpos a Sede,
Por onde passa a Saudade.
No outro lado do Nada,
Onde o Rio passa e talvez o Sol ainda brilhe.

terça-feira, 3 de abril de 2007

O momento, o tempo, nosso...

Que não é meu nem nosso o momento que o tempo tem,
Nem o tempo é meu, nem nosso.
Nem é nosso o momento, nem meu.
O tempo que imagino no momento que o tempo tem.
Mas meu é o momento nosso que guardo no tempo.
Mas que lembrança guardo eu no tempo que é nosso e que lembra o momento.
Meu, nosso, Teu... momento que tem o tempo.
E que é nosso o momento que lá atrás passou no tempo,
E que é nosso o momento meu que te trouxe ao meu Tempo.
E que é nosso o momento, que nem é do tempo, nem meu, nem Teu, nem nosso, o momento...
Que nem é nosso, o momento...
Que nem é nosso, o tempo...
Que nem é nosso, nem meu, nem teu...