sexta-feira, 26 de outubro de 2007

O Sonho, a velha espada que se lembra.
Mais alguém, há mais alguém?

A noite nasce, a noite cresce,
Já reconheço ao longe o perfume da tua voz.
Olho para dentro dos teus olhos, belo Amor, bela Alma.

Por onde ficam os Corpos a procurar a sede,
Por onde passam as coisas, as gentes, os seres.
Por onde fica o chão a alastrar debaixo dos meus pés,
Por onde fica o perdão e o olhar da procura.

Não tenhas medo de olhar, de sorrir, de falar, de um comportamento inesperado
Não tenhas medo do meu ser
Não tenhas medo de começar de novo.

Aproxima-te, levanta o teu olhar do chão
Faz regressar o teu Ser mas não o teu Corpo,
Apenas te peço que passes por mim e [não] deites uma lágrima.
Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...

Não sabia por caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.

Assim tem sido sempre a minha vida,
E assim quero que possa ser sempre
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar.


Alberto Caeiro

Sou um guardador de Rebanhos

Sou um guardador de Rebanhos
O Rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar numa flôr é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu ser deitado na Realidade,
Sei da verdade e sou feliz.


Alberto Caeiro

sábado, 8 de setembro de 2007

Como se não houvesse sitio para onde ir
Fico imune á tua beleza, quando passas por mim na rua
Na rua que acolhe os meus passos
Na rua onde me torno vagabundo e pobre.

Já sinto saudades da casa, da casa que não é minha,
Da cama que dava hábito ao meu corpo.
Já sinto saudades dos sonhos,
Dos meus sonhos que se transformavam em ares quentes que em mim prenoitam.
Já sinto saudade do Amor,
Das pétalas das flores a descerem sobre nós.

A noite cresce,
Fica tão grande quanto a Lua,
Fica gélida mas um pouco menos fria,
E os meus desejos aumentam
Ficam tão grandes quanto o Sol.

Imagino-te nua, na minha cama
Na minha cama onde todas as noites me deito,
Onde o meu corpo tem sede e fome de outros corpos.
Imagino-te nua, sem roupa, sem nada a cobrir o teu belo corpo,
Imagino-te sozinha, sem sitio para onde ires.


Novo dia nasce...
Novo sol se ergue...

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

Mário Cesariny

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Sinto a sua falta

Sinto a sua falta enquanto caminho rua acima,
Ou se não fosse ela mais um elemento da Saudade
Ou se não fosse ela uma Companhia.
As suas palavras ainda estão bem presentes no chão,
As suas pegadas e o seu sorriso ainda estão existentes no ar.
De mãos entrelaçadas percorríamos o rio e as suas margens.
Oferecia-lhe uma flor como um jeito de afecto,
Colocava-a no seu cabelo liso como as águas do mar,
E íamos assim caminhando sem saber por onde.
A Saudade é combatida com beijos e ternuras desta vez numa outra parte do dia
O Dia que também recorda essa tua ausência
E que me pergunta quando iremos outra vez caminhar por essa rua acima.
A Saudade vai crescendo, vai ficando mais forte, vai tornando-se assim numa Companhia.
É algo que não se vê mas se sente,
É algo que passa de um pensamento e faz o tempo voar,
É uma pedra silenciosa que existe no interior da Alma.
É uma Companhia que vai do dia á noite e da noite á Nostalgia.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Voz


Por vezes esquecemo-nos da Voz. Esquecemo-nos dela ou simplesmente não lhe damos ouvidos, esquecemo-nos que ela vem directamente do Coração e que presta ordens do Cérebro. Ao que o Coração diz respeito a voz sente as coisas verdadeiras, as nossas lembranças de Criança, os afectos e transmite-nos a maneira ideal para nos expressarmos. Ao que o Cérebro diz respeito a Voz é como se fosse a sua escrava obedece e diz-nos o que ele quer de melhor para o Corpo.

A Voz vai connosco, para as várias etapas da nossa vida, cresce connosco, fica mais forte, tem um ruído mais patente ao longo dos anos e consegue ser uma grande aliada em guerras e batalhas. A Voz é uma força da Natureza que dá poder, dá respeito, basta nós sabermos usá-la. A Voz cresce, a voz fica connosco é pena nós esquecermo-nos dela durante o Caminho.

A Voz é um ser dentro de um Corpo. A Voz é um pedaço de Alma.

Saio...

Saio.
A rua está deserta,
Não há nada, não há ninguém.
As pessoas conspiram atrás das portas,
Como se tivessem medo de sair.
O monstro anda á solta mas precisa de gritar,
Precisa de uma espada para lutar.
Outra vez o mesmo viver o mesmo.
Apenas uma imagem faz voltar o passado,
Apenas uma recordação daquilo que fui e daquilo que sou.
O corpo anda pela casa, pela rua
Sente o mar a trazer de volta os seus passos.
O Ser imortal que habita o Corpo
O Ser imortal que habita e parte
Quando a morte chega.
E no final a Alma, a Esperança, o Respeito, a Luta,
A Alma que quer voltar.
A Alma que sacia os teus lábios,
E que recorda as tuas lágrimas.
O Silêncio que termina no ar.
O Silêncio que acaba,
O Silêncio que recomeça no fechar dos teus olhos.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Fico parado no tempo,
Há espera de ver-te passar
Mas tu não passas
E o tempo vai acabando.
Recolho o meu Corpo, abandonado á beira-mar,
Recordo o teu Ser, a tua alma e as tuas palavras únicas e verdadeiras.
Vão ao meu encontro as lágrimas que deixaste em mim
Na palma da minha mão ainda se encontram os laços,
Aqueles com que nos unimos.
O Céu é o limite mas fica lá longe,
Tenho medo de não lá chegar.
Perdi as forças
Ficaram debaixo da Terra, ao ver-te chegar,
Ficaram num sorriso de um Anjo.
Que permanece intacto,
Que continua a sorrir nas Florestas escondidas no meu Ser.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Costumo ir parar ao Inferno quando deixo de amar alguém,
Mas só agora reparo que o Amor não é nenhum mar de rosas.

Deixo-me ir na inundação, na Esperança de encontrar um Outro Ser.
Sei que a tua Voz já não me soa estranho.
Reconheço o teu perfume, por entre os cheiros da multidão.
Já ninguém me diz nada, já ninguém me conhece.
Mas tu arriscas e vens ter comigo,
Vens entusiasmada, bela e com um sorriso atraente.
Não me [Re] conheces.

Sou um Deus em comunhão e dou-te a benção para viveres,
Dou-te a permissão de fazeres uso da Palavra.
Mas não esperes por mim.
Eu vou-me embora vou para um lugar oposto,
Vou fazer a Volta ao Mundo.
É com desilusão que vejo que já não és tu.

Estou Perdido!
Não me ajudas a encontrar-me de novo?
Já não sei que Caminho é este, já não sei quem és Tu.

A semente fica pisada pelos nossos pés,
Somos impuros,
Somos monstros em decadência.

Anda daí vamos dar uma volta pelo Mundo,
Na Esperança de nos encontrarmos.
Vem daí... Vamos andando por este Caminho.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Acerca do jogo Portugal vs. Holanda

Terminou á poucos minutos o jogo Portugal vs. Holanda para o Europeu de sub-21 que se realiza neste último país. Ora o dito jogo acabou com uma vitória para os holandeses por 2-1, até aqui nada de especial. Mas digam-me sinceramente como é que querem que Portugal ganhe jogos fora do seu país que quando vamos jogar a outras nações (propriamente nações europeias) somos roubados (permitam-me a expressão) a torto e a direito. Como é que o Sr. árbitro vê penaltis fantasmas a favor dos holandeses e não vê penaltis reais a favor do nosso país, já para não falar nas faltas atacantes a favor de Portugal que só foram assinaladas uma vez por outra. Ora como é que o seleccionador luso é expulso por estar a gritar para o árbitro da partida “it’s foult, it’s foult”, quando realmente um jogador português estava a ser agarrado por um jogador holandês que já tinha cartão amarelo e o Sr. Árbitro mais uma vez nem assinalou falta nem amostrou a cartolina pela segunda vez a este jogador, porque ao fazê-lo o mesmo iria ser expulso e como José Couceiro disse e muito bem no espaço de entrevistas rápidas: “Nós sabemos perfeitamente o poder que a Holanda tem junto da UEFA.” Ora com estas palavras acho que não é preciso dizer mais nada acerca deste caso.
Também é de realçar que Portugal não teve um jogo perfeito mas chegou mesmo a dominar algumas partes do mesmo, faltou também foram os golos. Agora é levantar a cabeça trabalhar para o próximo jogo e rezar para que esta mesma Holanda ganhe á Bélgica e para que a nossa selecção ganhe a Israel. Só assim poderemos passar á próxima fase e só assim poderemos estar presentes nos Jogos Olímpicos de Pequim.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Os jovens do meu dia-a-dia

A maioria dos jovens que costumo observar no meu dia-a-dia são como uma moeda, possuem dois lados totalmente contraditórios. Num dos seus lados estes jovens são muito amigos dos amigos da fortuna, uma fortuna que acaba por ser a entrada num grupo de adolescentes que não se dá nem sequer ao respeito. Neste mesmo lado os tais adolescentes comentam e criticam as roupas e as várias maneiras de vestir de quem passa por eles, mas se fosse só isso mal ou menos. O problema destes jovens é que se julgam os donos do mundo e de tudo que é visível no mesmo. Criticam quem passa por eles se tem roupas de marca, se se veste bem, se é gordo, se é magro, etc. O problema deles é o seu outro lado. Se de um certo modo num momento estão a dizer mal deste ou daquele, no momento a seguir quando estiverem junto destas pessoas já estão cheios de “carinho” (digamos assim) e de falinhas mansas. Este é sem dúvida um dos problemas destes jovens do meu dia-a-dia. Sem respeito não se vai a lago nenhum e se eles não respeitam os outros como é se vão respeitar a si próprios? Estes “moços” são cada vez mais um problema numa sociedade que vive na afronta e sem [R]evolução. Um outro tipo de gentes deste meu dia-a-dia é os chamados “meninos bonitos”. Estes meninos têm tudo o que querem e o que não querem. Ora é telemóveis novos de dois em dois meses, ora é um par de ténis para cada dia da semana, visto que têm isto tudo e mais alguma coisa em seguida andam aí aos pontapés a comida, esta mesma comida que podia alimentar algumas centenas de pessoas. Então e no momento em que os “papás” não tiverem dinheiro para isto tudo como é que será? Recorrerão a mercados e feiras onde os ciganos gritam que se fartam para ganharem uns trocos? E depois, serão há mesma aceites na sociedade, que cada vez é mais materialista? E depois, ainda pensarão que são donos do mundo? Por favor... Por favor não deixem cair esta sociedade numa esfera recheada de “meninos bonitos” e de jovens com dois lados inversos.


PS: Passem a mensagem, provavelmente se a mesma passar teremos uns jovens em melhores condições e uma sociedade muito melhor.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Amor da minha alma, Um Sonho...



Amor da minha Alma,
Paixão do meu Ser.
Uma vontade enorme em te tocar,
Abrange a minha mente e o meu pensamento,
Pego no teu Corpo e beijo-te, com a maior força do Espirito.
Percorro a tua face com uma das minhas mãos,
Estas mãos que já percorreram um pouco de tudo e de nada,
Mas a tua alma é agora o meu Caminho,
Sem passos á minha frente.
Pego numa das tuas mãos e entrelaço-a na minha.
Há beira da Estrada as Sementes crescem e o Rio passa com mais brilho.
Agora só nós e o Caminho de ida pela frente.
Agora só nós a Voar na Rota do Regazijo
Como dois Pássaros a viver em Liberdade.
Percorro de novo a tua face,
E Pego na tua Mão,
Desta vez para dizer que Parti,
E com um Beijo de Despedida
Caiu uma flor sobre o nosso jazigo.
Foi um Sonho... Apenas isso...
Sem Força, Sem Luta, Um Sonho.


Para Ti...

terça-feira, 15 de maio de 2007



Tentei ficar contigo na Mão
Quis subir, Quis saber.
Por Gritar sem ouvir
Quando tu habitas-te o Resto de mim...












O Silêncio, o Sofrimento
É como Ganhar e Perder.
Em Teu Corpo uma flor
Fica Apenas em ti...
Apenas em Ti...














Uma Lágrima, Um Ser.
Um Olhar, um Destino.







quarta-feira, 2 de maio de 2007

Deixando um Beijo como Saudade e uma Palavra como Destino

Consciência dos corpos caídos
Mistério veredicto de pura Guerra
A Semente nesta Chama.
Toca-me!...
Como um Rio, apenas uma coisa
Ruas de ódio em sonhos meus
Ser um Deus e um Ser.
A Justiça nas asas de um Anjo
Até ao Infinito Sol
A União, Esperança, o Sangue a crepitar.
O Corpo cai no meio da Selva
Pedaços de Tentação num Paraíso de Vida…
Ainda a Voz.
Sem limiares de Sofrimento nem fragmentos de Missão
O talismã da tua passagem em mim
O sabor do Mar do fundo do meu Corpo amado.
No fundo do copo, a felicidade que assombra a Alma
Ser mais forte que a Luta da luta da própria Alma
E uma força, a bravura de se sentir sozinho na estrada.
Perdido… Noutro Caminho, noutro rumo.
Mas não são meus os reflexos do Luar.
Nem pedras preciosas os sentimentos que perduram
Nem Certezas que fogem por entre os dedos,
E a promessa de voltarem ou as certezas ou as perguntas
Com a promessa de se moverem do momento.
E enquanto chove partes sem dizer Adeus,
O Desejo de ficar a teu Lado, é agora apenas uma Saudade,
Que percorre outros Trilhos lá longe por trás do Sol.
E um Dia enquanto chorava com a Saudade
Uma noção de Dor permaneceu.
O teu olhar, o teu sorriso depressa me iluminaram,
E por entre as nuvens negras deste meu Ser
O teu Espírito ficou a noite inteira,
Ficou durante mais um dia, durante mais um Luar
E Partiu…
Deixando um Beijo como Saudade e uma Palavra como Destino.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

P'ra lá das Montanhas...

P’ra lá das Montanhas, esconde-se o Sol.
Essa Estrela que nunca vimos antes,
E que sempre desejámos.
O Anoitecer pede mais Vida,
Mas e o Medo?
O medo que sobressai na escuridão
O medo de perdermos as nossas essências.
Palavras não nos faltam para descrever a amargura e a Vontade de Viver,
Mas há muito que as palavras foram proibidas,
Não as querem nos Livros da nossa História.
Que infames são as trevas deste nosso mundo,
Sem Palavras, nem Sol, nem… Liberdade.
Mas que é isto de Liberdade
Para Homens que nunca viram o sol e vivem com medo da sombra,
Que palavra é esta que não é censurada nem tirada dos Livros.
A União dos Mortais quer Viver,
As sombras morreram para sempre e a Voz fez-se ouvir.
As Pombas brancas voam de novo,
E os Cravos colhidos á beira-rio
Foram os eleitos para a Revolução.
A Bravura dos Soldados dá um novo alento ao País.
De novo, com muita Luta
Respira-se ar puro, que durante anos estava p’ra lá das Montanhas.
Respira-se Liberdade, Respira-se Vida.
E quando as Trevas e a Solidão voltarem,
Cá estaremos para Lutar como os bravos Soldados,
Cá estaremos para Lutar pela Liberdade.

Grândola, Vila Morena

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra de uma azinheira
Que já não sabia a idade

Letra da música de: José Afonso

terça-feira, 24 de abril de 2007

E Depois do Adeus

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder.
Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci.
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor
Que aprendi.
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.

Letra da Música de: Paulo de Carvalho

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.


António Gedeão

sábado, 21 de abril de 2007

Mais uma semente deitada na Terra,
Mais uma lágrima no escuro da solidão.
Se existe Paz, porque permanecemos em Guerra.
Somos bichos inundos na escuridão.
Porque brilha o Sol, porque brilha a Lua
Se a Terra encobre o brilho,
E apaga as cores da imaginação.
Porque é que Deus é perfeito e o Homem não o é,
Inventaram-se as balas e o sangue escorrido
Soldados feridos, nações erguidas nos escombros.
Se o é, se o não é.
Espécie protegida que não vê, que não come
Mas que ilumina.
Se não é um Deus.
Não é um Homem.
Então porque desejamos a Vida,
Se o Viver é apenas um verbo e um jogo de mistério e faz de conta,
Se o Viver não escolhe Corpo nem Força,
Viver é apenas um Verbo que vêm no dicionário da Alma.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Renascer... na Alma

Renasço da beata de um cigarro
O Limiar é fraco, é imprudente,
O Céu deslumbra-se no teu olhar
Enquanto que o Mar beija a Lua.
As tuas lágrimas caem na Esperança do Amor,
Na Esperança de te tornares uma alma feliz.
Nas entranhas do meu Ser
Procuro o desejo que sinto por ti,
Nas profundezas do teu sorriso
Alguém te procura, alguém te quer salvar.
Todos os dias passam,
Todos os dias, a Alegria e o Amor te batem á porta
Mas nem sempre estão fascinados pelos sentimentos
Nem sempre pensam na tua tristeza,
Mas no Amor…
Nos desejos profundos,
Nas palavras ditas por Ti.
Nos teus Sonhos, Onde te procuras.
Onde está a Vida?
Onde está o Amor?
Talvez na tua Alma.
Talvez no teu Coração.

Onde o Rio passa

Onde fica a Lua?
Uma cena de filme tirada dos contos antigos.
Oiço lá ao fundo a tua voz.
Pegas numa flor que colhi junto ao Rio
Ficas a olhar para essa flor com um sorriso memorável.
Deixa-me escutar o som dos Pássaros
E o nascer da Primavera.
Lá fora, no outro lado que é o Fim,
Por onde procuram os Corpos a Sede,
Por onde passa a Saudade.
No outro lado do Nada,
Onde o Rio passa e talvez o Sol ainda brilhe.

terça-feira, 3 de abril de 2007

O momento, o tempo, nosso...

Que não é meu nem nosso o momento que o tempo tem,
Nem o tempo é meu, nem nosso.
Nem é nosso o momento, nem meu.
O tempo que imagino no momento que o tempo tem.
Mas meu é o momento nosso que guardo no tempo.
Mas que lembrança guardo eu no tempo que é nosso e que lembra o momento.
Meu, nosso, Teu... momento que tem o tempo.
E que é nosso o momento que lá atrás passou no tempo,
E que é nosso o momento meu que te trouxe ao meu Tempo.
E que é nosso o momento, que nem é do tempo, nem meu, nem Teu, nem nosso, o momento...
Que nem é nosso, o momento...
Que nem é nosso, o tempo...
Que nem é nosso, nem meu, nem teu...

quarta-feira, 28 de março de 2007

Seiva suada no meu Corpo

Seiva suada sem rumo no meu Corpo.
Sacrificada?
Não digo. Sem saber Talvez…
Sentimentos segredados ao ouvido,
Susto, sabor.
Carícias inventadas pelas águas do Mar, feitas pelo Criador.
Selva, salva-me de quê, dos solícitos?
A Terra pede, o Homem insiste.
São tremendas sementes deitadas fora.
Sem Rumo, Sem Nada.
Sol, Surge por entre o meu Céu,
Saliva tremenda que em mim resiste
É tão forte e tão sem graça, pede mais…
Sal na Terra, Sol no Céu.
A menina que passa por mim e me saúda.
Saturno e os seus anéis, sem saber porquê, sem perceber porquê
Semeiam a seiva suada no meu Corpo.
Sem segredos, sem sabor a nada.

terça-feira, 20 de março de 2007

Perco o meu Porquê

Perco-me na Noite de Luar
Mais uma Dança,
Mais uma Borboleta que transporta os meus Sonhos.
Mais um Céu…
Estou Só!
E quando o Sol bater na minha janela
E a Chuva cair nos Corpos Nus e indefesos
Na planície coberta de novas flores
E lá no fundo se ouvir o Pranto da Guitarra
Por entre as paredes da Liberdade,
E as Palavras caminharem pelos Corpos ainda Nus
Sem se Perceber bem porquê
Tudo Acaba!
A Dor chega. A dor Morre.
O Sol parte sem dizer Adeus, a Chuva já não Cai.
Sem se Perceber bem porquê
A Guitarra cala-se para a sempre eternidade.
As Paredes da nossa Independência ruem.
Sem se Perceber bem porquê
Ou porque sabemos demais o porquê
Mas evitamos sabe-lo,
O porquê também morre.
Sem saber ainda bem porquê
Tento renascer de mim, do Sol, da causa, da Vida, da minha essência.
Sem saber que o Amor é o Desejo
Sem saber que o Desejo é o Prazer,
Sem saber que sem ti não sei o porquê.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Senhora Dona Puta

Mulher... E Vida!
Desejo... E Sonho!
Loucura... E Ódio!
Sol... E Paisagem!

Pobre Puta!
Viajante de Cidades, Ruas e Becos ainda antes não descobertos,
Serva dos outros e dos demais.
Sra. Dona Puta,
Que levas até ás Trevas e ao Prazer todo o meu Sangue e minha Alma,
Que levas até ao teu Mundo a Paixão e a Dor da própria Dor.
Sra. Dona Puta,
Que fazes da Vida o Desejo e do Desejo a Noite de Solidão.
Oh, Pobre Puta,
Que em cada Noite escutas os Gemidos dos Homens e o Nojo da Sociedade.
Sra. Dona Puta,
Que fizeste de Ti?
Por quantos Seres andaste e quantas filhas viste partir.
Por quantas Naus passaste e quantas mãos te fizeram Sorrir.

Muito mais que um Desabafo... A Mudança

Vivemos cada vez mais num mundo obcecado pelo Poder, pelas guerras em busca de cada ideal de Vida proposto por cada um de nós.
Quando se fala em dignidade, emoções, sentimentos, Amor, ódio, desejo, fala-se essencialmente nos valores guardados dentro do Coração e da Alma de cada Ser Humano. Apenas em alguns momentos deixamos expandir quem realmente somos e quem realmente se esconde atrás do instrumento da Alma [corpo].
Apenas em alguns momentos, [Sim]
Porque levamos a Vida de olhos tapados, num mundo de ilusões, em que tudo para nós é perfeito, em que acreditamos nos outros e onde depositamos neles todas as nossas esperanças. Recompensa: os outros por trás “espetam-nos uma facada nas costas”.
Apenas em alguns momentos,
Porque levamos a Vida a ser “comandados”. A fazer tudo em prol do bem comum. Deixamos que as pessoas nos digam o que devemos ou não fazer, o que devemos ou não dizer.
Recompensa: são anos de vida que passam por nós sem darmos conta.
Apenas em alguns momentos
Porque levamos a Vida, ocupados demais a dizer mal deste ou do outro, levamos a vida, ocupados demais a gozar com os fracos, pois sentimo-nos mais fortes que eles só porque temos roupas de marca e estilos da moda, mas ao invés de sairmos a rir destas situações acabamos por ser nós os gozados visto que eles são os magos e os génios intelectuais, poéticos da sociedade em que vivemos.
Recompensa: não conseguimos olhar ao espelho, visto que somos tão feios por dentro que até o espelho pode partir.
Basta!
Chega de olhos tapados, chega de comandos, já chega de gozarmos uns com os outros.
Vamos mostrar quem realmente somos e quem realmente está atrás de um Corpo. Pois como diz o tal cantor: “ Muda, porque quando a gente muda o Mundo muda com a gente. A gente muda o Mundo na mudança da mente. E quando a gente muda a gente anda p’ra frente. E quando a gente manda ninguém manda na gente.”
Por isso Vamos mudar, para que os nossos Sonhos se consigam tornar realidade, Vamos mudar para que não tenhamos Medo de Viver, por isso Vamos Mudar para que consigamos sentir a VeRdAdEiRa Vida!

A infinidade do meu Ser

Renasço da Semente,
Sobrevivo da Força e do Sol,
O Sol surge do Espaço,
Espaço esse que é infinito,
Essa é a minha infinidade,
Situada no meu Coração, a
Alma do meu ser, razão
De alguém viver,
A infinidade preenchida
Por Sentimentos,
Minha infinidade é Desejo.
E a tua qual é?
A infinidade, em mim, é
Desejo, muitos desejos!
Mas o principal é o
Desejo finito,
Finidade esta de terminar
O infinito do sol, da Força,
Da Semente,
Desejo este de desejar
A Morte.
Morte Calma, Fria,
Dolorosa e Sentida,
Desejo a finidade da Morte,
Em mim, desejo a infinidade
Da Morte dos que Amo.
Mas, a ti Sol, Amo
A ti, Morte, Desejo.
Contudo, Amor a ti nunca
Voltarei a Perder.

Maria Inês Panaças

sábado, 24 de fevereiro de 2007

TODAS AS CARTAS DE AMOR SÃO RIDÍCULAS


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não
fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas
de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Fernando Pessoa

sábado, 17 de fevereiro de 2007

O Amor... é o Poema feito de Poesia.

O Amor não é Amar sem ser Amado,
Não é uma lágrima que cai,
Nem um beijo que permanece.
O Amor não é a vergonha, nem o desprezo,
Não é a Vida nem o mau estar.
O Amor talvez seja uma espécie de sentimento, de emoção.
Um Planeta…
Uma Estrela que nos guia.
Ou uma Lua que consiga iluminar algo a que chamamos de Caminho.
O Amor não é a Palavra,
Não é o orgulho nem o preconceito.
É uma chama, é uma fogueira que crepita a cada segundo, a cada instante,
É uma Luz no nosso destino, é um Raio de Sol que ilumina a Terra.
O Amor é a Flor que nasce na Primavera,
É a folha que renasce no nosso coração,
É uma sensação única de Vida.
O Amor é o Céu…
O Amor é por vezes o chegar ao Paraíso,
É por vezes o ar que respiramos e transpiramos,
É por vezes a ave que voa em Liberdade.
O Amor… é o Poema feito de Poesia.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Se lá estivesse... ia jurar que o Amor existiu.


Se lá estivesse naquela manhã fria e pura,
Se te encontra-sse a passear junto ao Mar,
Ou a Brincar na areia com[o] uma Criança,
Se lá estivesse, se te encontra-sse de novo,
Naqueles Campos Floridos em busca da Paixão,
Ou a subir às Árvores para colher o Fruto do Amor,
Se lá estivesse, se me perde-sse no Teu encanto,
Por entre as Montanhas e as Muralhas do meu Ser,
Ou no Calor da minha Alma, onde me reconforto,
Se lá estivesse naquela noite fria e pura,
Se te encontra-sse a olhar para as Estrelas,
Ou a sentires o Frio e a Solidão da Noite,
Ia jurar que tinha visto cair uma Lágrima Tua.
Se lá estivesse…
Ia jurar que o Amor existiu.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Acabou...

Acabou...

Espero que um dia o Amor volte!
Ainda espero ser Feliz!

Haverá maneira mais Romântica de morrer?


Haverá maneira mais
Romântica de morrer?

Quando dois Corpos se
Unem e duas Almas se
Amam… Para sempre.

Sinto falta dos teus Carinhos...

Sinto falta dos teus carinhos,
Quando passeávamos junto ao Mar.
A Primavera chegava silenciosamente,
Brindava os jovens amantes com os seus campos floridos e o nascimento de novas folhas nas Árvores.
Pegava na tua mão,
Ficávamos assim durante algum tempo
A contemplar o Mar, as Gaivotas, aquele Sol brilhante que trazia mais Luz ás nossas Vidas.

Todos aqueles momentos passavam-me pela mente,
Todos os dias.
Existiam medos [de te perder],
Existiam Forças [de lutar por Ti],
Existia a Paixão, a Loucura.
Mas para onde foi o nosso Amor?
Acabou, Desistiu de nós, vai fortalecer-se?
Para onde foi o Amor, por quem os Seres Morriam e Nasciam,
Para onde foi o Amor que havia na Terra e na Vida?
Talvez tenha ficado no Inicio,
Talvez no Principio, o Sabor do Amor seja mais Doce.
Talvez lá, o Sol brilhe mais
E o Amor Exista de Verdade.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.


Ricardo Reis (Fernando Pessoa)

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Já pensaste no Amor?

Já pensaste que quando o Sol nasce não é para todos.
Já paraste para pensar que sem o Amor não havia Sol.
Já reflectiste sobre a pessoa que tens á frente.
O Meu Maior Medo?
Perder-te!


As primeiras folhas caem das Árvores,
O Outono aproxima-se.
Lembras-te quando nos beijámos?
Um Sorriso, um gesto de despedida,
Numa Terra Mágica, Num Mundo Incrível, cheio de Amor e Alegria.
Talvez... Num outro Lugar
Tudo de Novo?
Foi um Certo Tempo em que o Mundo parou e respirou... O Amor.
A Paixão, A Loucura, O Desejo
Foi um Certo Tempo em que tudo saíu de si,
Ainda o Sonho.
Ainda o mesmo Sonho.
Será que valerá a pena!?
Os Olhares, Os Sorrisos.
Será que valerá a pena Amar?
Talvez...

Amo-te, amo-te muito. Meu Amor

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

1º Post

Espero mesmo que este seja o meu blog! Até que enfim que isto dá. Obrigado Aniti pela paciência e pelo blog! Espero espor aqui os meus sentimentos de uma forma nao muito privada, escrever alguns poemas e expressar todo o meu Amor por Ti. E pessoal Vivam cada Momento como se fosse o Último ou o Primeiro!