Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
Ricardo Reis (Fernando Pessoa)
terça-feira, 6 de fevereiro de 2007
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Um comentário:
Este poema NN, fernandito NN mxm , vaix deixar d gostar dele no 12º ou n..
gosto expecialemnte da parte :enlaçemox as mãos , adoro a palavra: enlaçemos , axo k foi algum devaneio do absinto...
a parte k se relaciona ctg e kom a laissa é : "se kisessemos.."
beijituh*Aniti
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